quarta-feira, 2 de março de 2011

Expectativa

A perspectiva de uma viagem sempre propicia uma expectativa com relação ao lugar a ser visitado. 
A imaginação "viaja na maionese" principalmente quando se trata de lugares exóticos como o Oriente Médio! 
Frustrada a ida ao Egito e depois da visita à Espanha, concentramos as baterías na Terra Santa, tão significativa para nós, católicos! 
Jerusalém trouxe imediatamente à lembrança, as aulas de religião no colégio, os filmes bíblicos que relatam com tanto realismo a passagem de Jesus pelo mundo! Com a cabeça repleta dessas imagens, preparamo-nos para muita emoção esquecendo que Israel abriga as três maiores religiões do mundo: muçulmana, judáica e católica, se não me engano, nessa ordem! Tal sincretismo faz com que se misturem mesquitas, sinagogas e basílicas, cada qual tentando marcar seus lugares de veneração. Três vezes por dia, a voz do muezín amplificada por poderosos alto-falantes se fazia ouvir nos quatro cantos da cidade, impressionante cantilena que provocava arrepios nas sobrancelhas e o moto-contínuo do lamento dos judeus no Muro das Lamentações, dava um nó na garganta!
Pela distância entre as cidades, a visita aos lugares santos não obedeceu à cronologia dos fatos. Cidades como Nazaré, Cafarnaum, Belém e suas basílicas maravilhosas se sucederam até que por fim, retornamos a Jerusalém e chegamos à Via Dolorosa! 
Em todos os sentidos!!! Tive a impressão de ter entrado na rua da Alfândega!!! Tratava-se de uma rua de comércio como outra qualquer, com grande movimento de motos e pequenos veículos que buzinavam furiosamente para nós e apenas placas de pedra indicavam as Estações do caminho de Cristo rumo ao Gólgota! Foi-se a concentração, o espírito de oração, enfim, uma decepção!!!
Não tem jeito, turista sofre, paga por isso e...FAZ DE NOVO!!!

Excursão

Mario - Uri - Khalil
Excelente para quem jamais viajou!
Os itinerários programados contam com guias locais qualificados que fornecem um volume enorme de informação sobre os pontos escolhidos e abrem muitas portas. Não enfrentamos filas, já que na maioria das vezes os ingressos aos locais estão garantidos, evitando que passemos em branco por lugares importantes.
Acontece que as empresas oferecem um roteiro muito extenso a ser realizado em pouquíssimo tempo. Há muita coisa para ver e os guias têm uma tarefa a cumprir, vai daí que o que era para ser lazer e pura apreciação de lugares fantásticos, transforma-se numa maratona, uma corrida desenfreada contra o relógio e ao fim do dia, fica uma certa frustração, faltou tempo para as tão necessárias fotos e, visitar o comércio local, sempre muito atraente, foi impossível já que há interesse dos guias em levar-nos a estabelecimentos onde recebem comissão sobre as vendas.O dia citado na programação como livre, é na realidade passado arrumando bagagem para outra viagem ou correndo para o aeroporto...Faz parte, depois a gente dá muita risada relembrando os fatos, faz novos amigos e passa um mês tentando se recuperar do tranco  ; D ...
Não pretendo participar de outra loucura dessas, a próxima viagem será do meu jeito: comprar os passeios dos vários oferecidos pelos hotéis e tirar ao menos um dia de folga para longas caminhadas, de preferência à beira de um rio, antes de partir para outro lugar, caso o deseje!
Nem tudo foi tão ruim, o grupo era bastante animado e de muita camaradagem, arrumamos uma "cozinha" no fundo do ônibus, ponto de reunião e de muita conversa e risada para uma meia dúzia, que causou inveja em  quem não quis se juntar a nós! Lena e eu ficávamos horas relembrando os fatos mais engraçados antes de dormir, ríamos tanto que uma noite duas companheiras de viagem reclamaram... 
Uma palavra de elogio ao guia em Jerusalém, Uri, conhecedor profundo da história e da geografia locais, ao motorista Khalil e principalmente Mário, guia brasileiro, muito simpático, que nos acompanhou na Espanha e na Terra Santa.

Conseguimos...apesar de tudo...

A situação no Egito gerou uma ansiedade muito grande, além da tomada de consciência do grito de liberdade de um povo oprimido, despertou aquele lado egoísta que procuramos camuflar: o que fazer depois de tudo decidido, pago e sacramentado? Cancelar a viagem é a primeira idéia que ocorre, afinal ninguém quer se envolver numa guerra ancestral e mais ainda, viajar para um território conflagrado, beira as raias da loucura! Estávamos às vésperas da viagem e a perspectiva de perder dinheiro era grande, já que o seguro não cobre esse tipo de situação... Um longo fim de semana, sem possibilidade de qualquer atitude, fazendo às vezes de avestruz enterrando a cabeça na areia ao evitar acompanhar o noticiário, se arrastou até segunda-feira quando recebemos um comunicado da agência informando que o itinerário havia sido mudado, os dias destinados ao Cairo seriam passados na Espanha, o que foi muito bom pois visitaríamos Toledo, Ávila e Segóvia além de passear por Madri que caso contrário, sería vista por um óculo. Respiramos aliviadas, demos adeus às Pirâmides, à Esfinge e ao passeio noturno pelo Nilo e embarcamos nessa aventura maravilhosa que é viajar!
Conseguimos, apesar de tudo! Quem sabe, um dia, restabelecida a paz tão sonhada possamos realizar o desejo de conhecer a Pérola do Nilo!