sábado, 30 de julho de 2011

Recuperando do "tranco"

Não sei como ainda tive forças para ligar para os meus filhotes e mandar um texto para a Isabelle avisando da minha chegada, sã e salva! CARACA! Tava pregada, afinal, foi uma maratona, mas VALEU!!!
Larguei a bagagem de qualquer maneira e me atirei na cama, tinha a impressão que ainda estava no trem pois a sensação de movimento ficou por algum tempo. Finalmente, vencida pelo cansaço, apaguei num sono reparador, mais do que necessário!
Antigamente, algumas horas de repouso e eu estava lépida e fagueira outra vez, o que não acontece atualmente, levo de dois a três dias para me recuperar do "tranco". Ontem, fiquei por conta do à toa, roupas ainda nas malas, procurei descansar e cochilei o dia inteiro, meu corpo tava pedindo, esqueci até de almoçar...
Mais tarde, aproveitei para bater papo no skype com um dos meus filhos, uma prima e uma amiga. No final da tarde, me animei de fazer uma canja para jantar e fiquei até tarde atualizando o blog. 
Hoje estou bem mais animada e comecei a colocar as coisas no lugar, lavei roupa, enfim, de volta à rotina. O tempo está ótimo, fiquei com pena de não sair e aproveita-lo mas há muito o que fazer.
Não pretendo cansar quem possivelmente ler essas garatujas, portanto vou dar uma folga para o computador. A partir do próximo dia 6 de agosto, tem mais!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

3ª e ÚLTIMA PARTE!

Dorme, acorda, dorme, acorda, lá fomos nós noite adentro, o cansaço era enorme mas não podia ferrar no sono pois precisava saltar do trem em Clapham Junction, de lá o danado iria para Londres...
Eram quase 11 horas quando chegamos e o trem para Brighton estaria na estação em 20 minutos. Tinha um outro antes mas era um parador, daqueles que parecem cachorro com poste, preferi esperar. Uma senhora me ofereceu lugar ao lado dela e ficamos conversando até que o trem dela chegou e ela se foi...Novamente sozinha, tava precisando ir ao banheiro mas não podia carregar as malas nem podia deixá-las, ficou difícil, tentei não pensar no assunto...Mais alguns minutos, e chegou o trem ansiosamente esperado, entrei, ajeitei a bagagem e caí no sono, pois iria para o ponto final. O trem só parou em duas estações que eu nem vi e por fim , CHEGAMOS!!! Mal acreditava! Fui para a fila do táxi e em pouco mais de dez minutos, estava subindo as escadas e entrando em casa: 01:15 da matina!!! UFA!!!

2ª Parte

Felizmente, duas estações depois, muita gente desceu e eu consegui um lugarzinho. Ainda restavam quase duas horas de viagem e eu estava um bocado cansada. Em Exeter St David's, uma baldeação, e aí já eram 6 horas da tarde, mais de 22 horas viajando, não é brincadeira, e a etapa seguinte, até Clapham Junction ainda levaria outras 3 horas! Dessa vez, o trem tinha 10 vagões e já tínhamos nos acomodado quando avisaram que deveríamos verificar se estávamos no lugar certo pois na metade do caminho, uma parte até o terceiro vagão seguiria para o nosso destino enquanto os demais iriam para outro ramal, PÂNICO, e se eu estivesse no vagão errado? Na pressa para entrar ninguém prestou atenção nisso, e eles costumam avisar antes, o que não aconteceu dessa vez. Umas meninas sentadas à minha frente também ficaram preocupadas e uma delas desceu para contar os vagões, mas não é fácil, o "bicho" é comprido pra dedéu, felizmente o inspetor do trem entrou e disse que estava tudo certo, e muito gentil, perguntou se o ar condicionado estava incomodando!!!

Reta final (1ª parte)

Enfim, anunciaram a chegada ao porto de Plymouth. Graças a Deus, foi uma viagem muito boa, acho até que eu toparia fazer de novo se tivesse oportunidade! Longa espera no hall dos elevadores do barco, depois imigração, sempre lenta e massante, por fim me vi do lado de fora e aí foi uma lenha para conseguir um táxi. Mochila nas costas, puxando uma maleta de rodinhas, nas mãos, mais duas sacolas pequenas com alguma coisa que não coube na mala e umas lembrancinhas compradas a bordo, eram a minha bagagem. Não sei o que é isso mas sempre sobra alguma coisa para carregar além do que foi levado e não estou falando das compras!
Bom, depois de mais de 10' embaixo de sol, apareceu um táxi que me levou à estação ferroviária. Felizmente, agora quase todas tem elevador porque é um tal de sobe-e-desce para passar de uma plataforma a outra e o trem, seguindo a lei de Murphy, sempre está na oposta à que você chegou...
Plataforma cheia, muitas malas, bicicletas, cães e "a pia da cozinha", gente em penca, e me aparece um trem com um só vagão, parcialmente ocupado, para revolta geral! E aí, nessa hora, a educação vai pro brejo: é cada um por si! De um modo geral, consigo ajuda para colocar a mala no trem mas dessa vez, tive que me virar e ainda fiquei em pé enquanto o alto-falante avisava que não teríamos carrinho de bebidas e biscoitos, I wonder why!

Interferências

Gente, eu sei que eu falo pelas tripas do Judas, mas ainda no trem, na viagem de Madrid para Santander, duas senhoras atrás de mim começaram a conversar assim que se acomodaram, isto é, só uma delas falava, o tempo todo, naquele tom monocórdio, que não modula e fica pior quando é em outro idioma, e aquela cantilena quase hipnótica foi em frente, de repente, parou! "Desceram", pensei eu, e comecei a trabalhar no computador quando mais ou menos 1 hora depois, começou tudo de novo, elas só tinham cochilado, dammit, desisti pois não conseguia me concentrar...
Hoje de manhã, aconteceu mais ou menos a mesma coisa, tava tudo quieto no salão da cafeteria que é onde se pode usar a internet, outras pessoas faziam o mesmo, de repente, o recinto se encheu de crianças e a barulhada começou, mas o pior é que duas mães indianas e respectivos pimpolhos, sentaram-se ao lado da minha mesa e desataram numa algaravia incompreensível, além disso, uma delas também falava o tempo todo, muito rápido, a outra só fazia bater a cabeça... para ajudar, a contadora de histórias distraía as crianças enquanto outra pintava o rosto delas de acordo com a história, brilhante, só que eu estava ficando atordoada, quase não conseguia ouvir meus pensamentos! ; )

Um grupo de adultos que estava bebericando na mesa do outro lado, arrepiou carreira, e eu tratei fazer o mesmo! O meu tempo na internet estava quase acabando, e era um bocado caro, felizmente pude responder meus e-mails antes da interferência começar!

Mar de Almirante



Tranquilo, só aquele leve balanço, comum nas embarcações, uma delícia!!! Nada lembrava aquela noite horrorosa...O barco estva cheio, por causa das férias de verão tem muitas crianças e jovens, recreadores se encarregavam dos pequenos e havia salas de jogos eletrônicos para os maiores. Tinha gente na piscina, se não tivesse lavado
o cabelo, era capaz de arriscar... lá fora, no deck
superior, a turma mais velha aproveitava o sol para lagartear mas o vento tava muito forte, resolvi entrar quando algumas pessoas que estavam na amurada começaram a apontar, corri para ver e eram golfinhos que acompanhavam o barco, uma gracinha!!! Novamente fiquei uma arara, meu binóculo estava no fundo da mala! 
Fiquei passando a hora até o almoço atualizando o blog. Só chegaremos a Plymouth às 16:00 horas e ainda terei mais 5 horas de trem até Brighton, meus sais!!!  Tô estourada mas tá valendo muito a pena!!!

"Al mare"!

Depois do passeio, fui almoçar e uma longa tarde me esperava. O comércio, museus e outras atrações fecham às 12:00 para só reabrirem às 17:00 o que me deixava sem ter o que fazer e pouco tempo para tentar visitá-los depois. Já havia entregado o quarto conforme exigência do hotel que pelo menos guardou as malas do contrário ficaria amarrada. E o dia se arrastou...
Finalmente, tava na hora de ir para para o porto! Um pouco ansiosa depois da última experiência, aguardei o momento da partida, pelo menos não estava chovendo e logo seria hora de cair na cama, a saída estava marcada para as 9 da noite. Tomei dois dos comprimidos contra enjoo, jantei, fui para a cabine onde liguei o som e...acordei às 7 da matina!!! Que maravilha!!! Tomei um bom banho e desci para o café da manhã. Um dia liiindo me aguardava, céu claro e muito sol!!!

Quando as aparências enganam, e muito...


Pois é, apressei-me em julgar pelas aparências e caí do cavalo!
Santander não tem nada de provinciana, as poucas horas que passei aqui anteriormente só me permitiram conhecer as redondezas do hotel.
Ontem, com o dia inteiro pela frente, saí pela manhã para caminhar um pouco, não queria ir muito longe, o céu estava ameaçando desabar sobre a minha cabeça e eu estava sem guarda-chuva. Acabei por pegar o ônibus que faz o city tour.
Santander, capital da Cantábria, é uma antiga comunidade portuária, do tempo do império romano. O comércio de lã com a América e, mais tarde, um resort de luxo, "El Sardinero", geraram muito dinheiro a partir da segunda metade do século XIX donde então as construções luxuosas nos bairros mais afastados e obviamente abastados, mais especificamente na Península Magdalena, e aí eu me danei da vida pois tinha esquecido a câmera da qual dificilmente me separo... praias muito bonitas e limpíssimas, uma encosta escarpada, rodeada de jardins magníficos e um cassino que rivaliza com os de Montecarlo e Nice! Instalações desportivas modernas, um estádio de futebol onde costuma jogar o Racing de Santander. O volume de informação é enorme, resultado não me lembro da metade! Por sorte, consegui comprar uns postais antes de embarcar do contrário ficaria sem uma foto do local! Seria uma pena!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Brincando com as palavras

Todo mundo conhece os "falsos amigos" existentes em todos os idiomas e é claro que com o espanhol não seria diferente. Tenho achado muita graça em algumas palavras comuns aos dois idiomas cujo significado é muito diferente embora sejam ambas línguas latinas. Ventania, por exemplo, é um lugar na janela, em aviões e trens; água tirada da geladeira, é água fresca, se a gente pede algo gelado, trazem sorvete e sorvete é canudo!!! Passaporte, é carnê! No menu dos restaurantes, "tapas" são pequenas porções, "rações" são porções enormes, sanduiches são "bocadillos", e tira-gosto, "pinchóns"! Assim que se chega, perguntam o que se vai beber quando sequer sabemos o que tem a oferecer...Isabelle sempre pede "una clara con limón" ou seja, CERVEJA COM FANTA-LIMÃO!!! Ainda não vi combinação mais esdrúxula!
Voltando à história, sexta-feira à noite decidimos comer fora e aqui, tudo acontece muito tarde portanto eram mais de 10:00 quando finalmente chegamos  ao restaurante. Sentamos do lado de fora pois estava muito quente, e pedimos a  "comida" que é como eles chamam uma refeição, tá assim no cardápio. Distraídas, acabamos escolhendo rações em vez de tapas e aí vieram 4 pratos com uma quantidade tal que chamou a atenção da turma da mesa ao lado, tava todo mundo olhando e nós, às gargalhadas sem saber como daríamos conta daquilo tudo! Acabamos por pedir uma quentinha para a"ração" de shitakes ao
alho e óleo, e isso não é comum por aqui , impossível comer mais!

Santander, outra vez!

É como visitar uma velha conhecida, o pouco tempo que passamos dias atrás, foi suficiente para me possibilitar reconhecer alguns lugares  e sentir novamente a atmosfera de lugarejo embora seja um porto importante e haja grande movimento de carros. A rede hoteleira é boa mas dessa vez, não dei sorte. O hotel em que ficáramos anteriormente não tinha vaga, é alta temporada agora, e só encontrei um de 3* que me pareceu bom, well, a gente habitua logo com coisas muito boas, esse é pouco melhor que sofrível, mas é por apenas uma noite, tem a vantagem de oferecer wireless de graça e sem limite de tempo!
Preciso descansar um pouco, a batida tem sido grande e tenho que me preparar para a maratona de amanhã. Saí à tarde, depois de um pequeno cochilo, para comer alguma coisa e sacar dinheiro no caixa eletrônico. Já tomei um banho, meleca, o chuveiro é bom mas é daquele de "telefone", molha o banheiro todo e é uma dificuldade para dirigir o jato na nossa direção, tudo bem, faz parte. Faltam também aquelas frescurinhas de shampoo e creminho, tem só um sabonetinho sem-vergonha e aqueles sachets de gel de banho, espero que pelo menos o desjejum seja decente! Bem-feito, quem mandou procurar pagar menos, digo isso porque este está mais caro que o 4* aqui mesmo, na outra vez, dá para imaginar o preço dos hotéis melhores, né?

A caminho de casa

Com o tempo de viagem de retorno a Brighton aumentado em quatro horas, explico, tenho que voltar para Santander e é quanto o trem de Madrid gasta no percurso, meus sais, resolvi então, fazê-la em duas etapas, já estou no trem para Santander onde passarei a noite e parte do dia de amanhã pois o barco só sairá às 21:00, assim poderei dar mais uma olhada na cidade, caramba, à medida que vamos para o norte, o tempo piora, shoot, há dias não vejo uma nuvem sequer e hoje elas estão carregadas, escuras e pesadas, ameaçadoras mesmo, começamos a subir a serra e há até nevoeiro, quase não se vê lá fora...Em questão de poucas horas, tudo mudou...por sorte fiz a minha reserva de sol e calor, não sei como estará daqui para frente!!!

O-LÊ!!!


Tomei um bom banho e tirei um cochilo, por fim, saímos meio de carreira pois a Isabelle estava esperando um telefonema dos advogados da Swarowsky com quem ela está tentando fechar um contrato! Claro que chegamos atrasadas ao show mas o que vimos, valeu a pena!!! Essa gente dança muuuuuuuuuuuuuito! São 5 dançarinos sendo que há um casal que se destaca, difícil dizer quem é melhor, 3 violonista e 3 cantores que com suas palmas cadenciadas  e batidas de calcanhar, marcam o ritmo. 
A cantilena moura ou cigana, sei lá, convida a dançar.

 
O sapateado forte, as mãos parecendo asas de borboletas, a fisionomia
transfigurada pela emoção, acabam por contagiar a plateia fascinada que explode em "O-lês!" entusiasmados ao final de cada número! MARAVILHOSO!!!  
Que diferença do último show "pra turista" que nos levaram para ver no início do ano, glamourizado, fumaça de gelo seco, e, pasmem, algumas músicas gravadas!!! Inacreditável!                                           

Na saída ainda conseguimos dar uma olhada na Catedral e no Palácio Real, lindíssimos!!! Pena que foi muito rápido, definitivamente, Madrid vale uma nova visita... 
PALÁCIO REAL DE MADRID
                                




Veja mais!





 

Mais um dia!

Hoje, segunda-feira, é feriado aqui, e aparentemente o comércio estará todo fechado, vou tentar visitar o Palácio Real e o Escorial. À noite, iremos a um show de flamenco que eu adoro!      
Novamente as coisas não correram como eu planejara, segundo a Isabelle, para ir ao Escorial, gasta-se um dia e eu não tinha esse tempo todo, dammit...Em vez de  ir ao Palácio que era um pouco mais longe de onde saltei do metrô, embarafustei por El Corte Inglés que é uma loja de departamentos enorme, portanto, tinha muita coisa para ver, e estava aberto assim como a maioria das lojas, e o Palácio acabou ficando para outra hora. Andei depois pela Calle Preciados, cheiíssima, músicos se apresentando por uns trocados, estátuas-vivas, muitos mendigos, a crise é grande por aqui e vários piquetes de protestantes contra a mesma crise...Por fim, cansada, resolvi voltar para casa, ainda sairíamos à noite e eu estava aos tapas...

Museo del Prado

Velazquez-Museo del Prado


Lateral do museu
Adoro museus e o Prado estava nos meus planos. Muitas vezes deixo de visitá-los porque o tempo é curto e as filas sempre muito grandes, aconteceu com o Louvre, já estive várias vezes em Paris e nunca o visitei! Não vou perder a oportunidade em agosto quando estiver por lá com a Dilma.
Ontem, decidi visitar o maior museu da Espanha que abriga muitas das mais importantes coleções de pinturas e esculturas, acho que maior na Europa, só o Louvre! A princípio, sem saber por onde começar, vaguei pelas várias salas do primeiro piso, gostei muito do Claustro dos Jerônimos com esculturas em bronze e mármore. É tanta coisa bonita que fica difícil decidir o que ver primeiro!
Consegui então um folheto com ilustrações das consideradas obras-primas, com os números das salas onde se encontravam. Ficou mais fácil assim, mas não menos fascinante pois obedeciam a uma ordem provavelmente cronológica, com isso havia obras de um mesmo pintor espalhadas por diferentes salas. Saí procurando as pinturas correspondentes a cada ilustração, andei quase 4 horas lá dentro! Ví coisas maravilhosas mas ainda ficaram muitas outras para uma próxima vez, quem sabe?  El Greco, Velazquez, Rubens, Tintoretto, Veronese, Tiziano e muitos mais se sucederam, mas fiquei apaixonada pela obra de Murillo, a "Imaculada Conceição", por pouco não me fez chorar, "Sant'Ana ensinando a Virgem Maria a rezar, de uma doçura incomparável, foram as que mais me chamaram a atenção! Quase tiveram que me mandar sair pois estava na hora de fechar...

Centro de Madrid

Embora não saiba falar espanhol, compreendo bem o idioma e as muitas placas indicativas, ajudam, além disso, o metrô, embora nos faça tirar diploma de tatu, dá também muita mobilidade, com isso, em pouco mais de 20', estava no centro da cidade que concentra um grande número de museus, parques e 
FONTE DOS DELFINS
LOS PANTALONES
monumentos, há também chafarizes por toda parte! Decidi conhecer primeiro o Jardim Botânico, muito bonito, bem cuidado, espécies diferentes de plantas, tirei foto de uma árvore cujos ramos principais fazem parecer as pernas de uma calça comprida
ALAMEDA DO JARDIM BOTÂNICO
conhecida como "Los Pantalones", muito engraçado! Andei cerca de 2 horas lá dentro, muito calor e o ar pesado por causa da umidade. Ao sair, descobri nas redondezas uma "tapería", estava faminta então pedi uma salada de frango grelhado com diferentes tipos de alface, pimentões também grelhados, um molho adocicado que não consegui identificar mas que estava uma delícia, e cebola crocante espalhada em cima. Para beber, uma cervejinha local. Muito bom!
BOSQUE NO PARQUE BOM-RETIR
Continuando a minha exploração, fui visitar o Parque do Bom-Retiro que é imenso e muito bonito, lagos com tartarugas, bosques de coníferas, muitas alamedas e aí eu precisei ter cuidado para não me perder, coisa que não é difícil, passei um tempo enorme num recanto gostoso e abrigado do sol que àquela hora estava queimando pra valer. Faltou ver o Palácio de Cristal que eu sei que há por lá mas não consegui encontrá-lo, meu senso de direção não pode ser pior e já estava ficando tarde, embora só escureça às 10 horas da noite, o parque estaría fechado em pouco mais de 1 hora, precisava voltar para casa.



AGAPANTO
Eu havia dito à Isabelle que só telefonaría se tivesse alguma dificuldade, graças a Deus correu tudo muito bem. Peguei o metrô de volta e achei o caminho de casa facilmente! Tem sido uma experiência excelente, em todos os sentidos, além de conhecer lugares novos, tenho me virado muito bem sozinha, quando tenho dúvidas, pergunto, mas de um modo geral estou prestando mais atenção para não precisar depender dos outros.

Madrid

"Cuatro Torres"
Finalmente, dessa vez poderei dizer que conheci Madrid, pois quando aqui estive  pela primeira vez em 1983, foi só de passagem, após o costumeiro passeio turístico, a cidade acabou ficando como base para outras localidades: Barcelona, Cordoba, Sevilha e Granada.
Em fevereiro deste ano, voltei à Madrid devido os acontecimentos no Egito já relatados anteriormente, e foi a mesma coisa, city tour e depois Toledo, Segovia e Avila, a cidade estava fadada a ser apenas ponto de referência, não é justo!
Tendo uma semana à minha disposição, havia tempo suficiente para conhecer algo mais. Como Isabelle trabalha em casa e precisa concentrar-se, tratei de sair para deixá-la à vontade. Na primeira manhã, ela me mostrou onde pegar o metrô e onde saltar pois eu já havia escolhido alguns pontos que gostaria de conhecer, ela então me deu um mapa da cidade e um outro com as linhas do metrô, então, celular na bolsa para qualquer emergência, lá fui eu explorar as redondezas
.
O metrô aqui tem uma cobertura muito grande e leva a gente a qualquer ponto da cidade, inclusive à estação de trem e ao aeroporto, muito eficiente e um dos mais antigos da Europa!

sábado, 23 de julho de 2011

Só acontece comigo... ; D


Quase daría um outro blog só para contar as trapalhadas em que me meto!
Não é de hoje que me acontecem coisas, seja porque sou muito distraída ou atrapalhada mesmo, uma vez quase deixei o toilette do avião só de meia-calça, e provavelmente tería me esborrachado no chão ao tropeçar nas minhas próprias calças, caídas sobre meus pés, não fosse a exclamação de alerta do meu marido que esperava na porta para usar o banheiro...
De outra feita, desatei a fazer caretas para o espelho que há no andar de cima do double decker, sem me dar conta que o motorista podia me ver, o espelho é exatamente para observar a parte de cima, normalmente ocupada pela garotada...
Ainda numa outra oportunidade, ao tentar tirar minha mala que estava pesadíssima da esteira-rolante, quase virei do avesso ao saltar sobre uma delas e sacá-la para depois verificar QUE NÃO ERA A MINHA, ai, meus sais!!!!
E por aí, vai, ficaria horas relatando minhas "aventuras", e dessa vez não podia ser diferente, né? Pois, é, além de programar e reservar tudo para uma viagem sem saber sequer o tempo de duração e da trapalhada com o meu cabelo, no café-da-manhã em Santander, ao servir-me usando as pinças próprias para tal, uma delas beliscou a palma da minha mão de uma forma que eu não conseguia removê-la, segurava o prato com a mão esquerda, sem ter onde pousá-lo, e aquele estranho apêndice pendurado na mão direita, apertando mais a cada vez que eu tentava tirá-lo... já estava suando frio quando consegui apoiar o prato numa ponta da mesa e com a mão livre, removi a terrível pinça que me deixou um inchaço bastante doloroso!
Bom, ainda tenho mais alguns dias de viagem, espero não aprontar mais alguma e conseguir voltar para casa "in one piece", como dizem os ingleses!
   

SALAMANCA

Tivemos que mudar nossos planos por causa da chuva, o norte da Espanha e parte da França, estavam debaixo de uma chuvarada, sem previsão de término inclusive começou a chover já em Santander, shoot! Decidimos voltar para Madrid era inútil continuar por ali, no caminho resolvemos parar em Salamanca, valeu, é uma cidade universitária, muito bonita, milhares de igrejas, cada qual mais imponente! Ficamos num hotel ótimo, próximo do centro e barato, melhor, impossível! Além de tudo, o tempo estava maravilhoso, céu muito azul, sem uma nuvem, aliás, melhorou assim que deixamos Santander! À tarde, depois de descansar um pouco, afinal foram mais de 4 horas de viagem e a Isabelle dirigiu o tempo todo, fomos dar uma volta pelas redondezas e ficamos encantadas, era novidade para ela também, jantamos "tapas" e fomos até a Plaza Mayor, acho que toda cidade na Espanha tem uma e essa era linda, principalmente toda iluminada e havia pessoas
PLAZA MAYOR - SALAMANCA
cantando e dançando, era um grupo de estudantes de medicina, com roupas típicas e mais ou menos 1 dúzia de violões e guitarras portuguesas, castanholas e pandeiros e uma cantoria contagiante!!! Caso não saibam, "tapas" são pequenas porções de diferentes pratos, mais que num menu-degustação, a gente escolhe quantos pratos quiser e duas pessoas comem muito bem, melhor do que escolhendo um prato único do cardápio, às vezes engana, e a gente acaba comendo algo mesmo sem gostar muito...
Fomos dormir muito tarde e no dia seguinte, depois de um café da manhã tardio, retomamos a viagem mas em vez de irmos direto para Madrid, passamos em Aranjuez que é realmente um encanto, minha irmã tinha razão, imperdível, e ela esteve lá no inverno! Os jardins muito bonitos, agora floridos e bem arborizados, o palácio real belíssimo, imponente e do qual visitamos o museu, muito bem montado e conservado, contando toda história da realeza espanhola, ficamos quase duas horas lá dentro! 

PALÁCIO REAL-ARANJUEZ
 Dalí fomos tomar um sorvete e refrescadas, tá um calor cão, seguimos viagem para Madrid, mais duas hora dirigindo, pobre Isabelle!!! Chegamos por volta das 8:00 da noite e o sol ainda estava alto! Por fim, o apartamento dela que é uma graça! Muito agradável e claro mas precisei ligar o ar condicionado para dormir...
Taí uma pequena amostra da alegria do povo!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Santander

Finalmente chão firme outra vez! Esperando para descer nos elevadores imensos, tem gente prá dedéu, acabei batendo um papo com uma tripulante e ela disse que aquele mar batido fora uma surpresa, não costuma ser assim nessa época do ano e a coitada tinha que refazer o percurso naquele dia mesmo!!!
No saguão do pier, Isabelle me esperava e foi aquele abraço! Contei atropeladamente as peripécias da viagem e por fim fomos pegar o carro que ela alugara. Enquanto esperava, ela já tinha encontrado um hotel para nós, muito bom, 4*, se é uma coisa que eu faço questão, é conforto...Deixamos as malas no quarto e fomos caminhar para fazer um reconhecimento da cidade. É bem grande, muito clara e  com aquele arzinho de província, banquinhos espalhados pelas calçadas e as pessoas por alí, simplesmente apreciando a tarde agradável, coisa que não esperávamos, dada a previsão do tempo... bolas,o que é bom, dura pouco, mais tarde começou a chover muito e Isabelle viu na internet que todo o norte da Espanha, estendendo-se pela Bretagne, era uma chuvarada só, tivemos que nos render ao mau humor do tempo e mudar todo o itinerário, estamos livres para isso, ninguém nos espera, afinal seria perda de tempo e dinheiro...fomos então para Salamanca! Detalhe: nosso carro estava na garagem do hotel e para saírmos, depois de muito rodar, descobrimos que tinhamos que entrar num elevador, carro e tudo!!!

Um novo dia

INTERIOR DO NAVIO



De uma maneira ou de outra, consegui dormir até às 5 da matina, ou o mar se acalmou, aquele estardalhaço todo provavelmente era a saída da barra, ou o cansaço me derrubou...Hoje temos só o balanço comum nas viagens marítmas, às vezes a gente se desequilibra, mas tá muito melhor que ontem! Tem mais, a bela manhã ensolarada fazia tudo parecer melhor! Tomei um bom banho, o chuveiro é maravilhoso e depois subi para o café da manhã, tava precisando! Dammit, só hoje fiquei sabendo que tinha direito à pensão completa...
Fui então dar umas voltas, conhecer direito o barco, além do salão de refeições, tem salas de ginástica, entretenimento e até piscina. Um telão mostra o interior da embarcação com detalhes e o percurso, em tempo real, e eu tirei uma foto do nosso barco no tal telão. São 9:35 e Isabelle me mandou uma mensagem de texto para avisar que já está a caminho de Santader. Descobri que o barco tem pontos wireless mas é preciso pagar £4.00 por hora, só restam duas horas de viagem, já não há mais tempo, então vou esperar chegar em terra, assim mesmo, aproveitei para carregar a bateria do computador. O-oh, tá começando a balançar outra vez, vou parar para não ficar enjoada!

Pesadelo!!!

Eram apenas 6:00 da tarde, e dalí para frente, cochilei e acordei quase que de 2 em 2 horas, aquele barco enorme sacudia prá todo lado como se fosse uma casca de noz, quase caí da cama num sacolejo maior, batia o fundo contra a água e o vento uivava lá fora feito louco! No porão, o alarme de um carro disparava a todo momento e o alto-falante avisava sobre o perigo de andar no convés, tornando tudo mais preocupante...Saí da cabine um tanto assustada, ainda estava claro e eu pude ver um mar "crescido", ondas gordas que jogavam água no passadiço mas aparentemente, fazia parte da brincadeira, a tripulação estava tranquila e alguns passageiros circulavam pelos corredores. Voltei para a cabine pois estava muito cansada e durante a noite inteira foi esse pesadelo, cochilava e acordava novamente com o balanço, graças a Deus, antes de viajar, comprei um remédio contra enjoo marítmo e isso ajudou muito. Tive medo, agarrada ao colchão, rezei muito, pensei em cancelar a volta só para não passar por isto outra vez, mas o prejuízo sería grande, £25,00 pela desistência, sabe Deus quanto por uma passagem de avião Madrid-Gatwick, e mais o ônibus até Brighton, perderia a passagem do trem de volta de Plymouth para Brighton, enfim, uma cáca prá ninguém botar defeito! Cá pra nós, eu me meto em cada uma...mas é bom, da próxima vez eu peço informação antes de reservar tudo!

"O BARCO"

Finalmente, Plymouth e, em poucos minutos de táxi, cheguei a ao porto onde o "barco" estava ancorado, é ENORME, muito maior do que eu imaginava! Imigração, burocracia, e lá fui eu puxando minha mala, mochila nas costas, escada acima, minha cabine fica no 5º deck, meus sais, como vou subir? Graças a Deus, tem sempre uma alma caridosa, e a minha cara de cachorro pidão sempre ajuda, a recepcionista carregou minha mala. Tem elevador! Ufa! Minha cabine. Estava pensando que teria que dividir com alguém completamente desconhecido, qual não foi pois a minha surpresa, quando ví que tinha uma SÓ PRÁ MIM, com banheiro privativo e tudo, não cabia em mim de tanta satisfação!!! Deixei as malas e fui para o deck apreciar a saída, fiz um lanche caprichado pois ficara sem almoço, tirei algumas fotos e voltei para o meu cantinho. Estava exausta, quase sem dormir, cochilara 10' no trem, caí na cama para acordar duas horas depois com o barco balançando muuuuitoo!!!!Era o início de uma noite que me pareceu eterna...

Mais natureza


Estamos atravessando uma região muito bonita e aparentemente próspera pois há muitas fazendas com rebanhos imensos de carneiros e as casas são lindas mas o que mais gosto é de apreciar a paisagem, tudo muito verde, os campos separados por cercas vivas de um tom mais escuro, de vez em quando, um quadrado cor de ouro-velho, talvez trigo amadurecendo não sei bem, caramba, o gado está deitado, sinal de chuva, ficam deitados para guardar um lugar seco, não são trouxas! Não me canso de olhar, vou até parar de escrever para poder apreciar e, cá para nós, poupar a bateria, rá...Péraí, Tem uma estação de trem bem antiga, chamada Yeovil, acabei de ver uma maria-fumaça, que eu adoro! Tá quase chegando em Exeter St Davids onde tenho que fazer outra baldeação, a primeira, foi em Clapham Junction. Fui.

Rumo a Plymouth

Ontem eu estava tão agitada com a perspectiva da viagem que foi um custo para conseguir pegar no sono e eu precisava acordar cedo! Bati longos papos com meus filhotes através do skype, não sei quando poderei entrar em contato com eles novamente, como estarei em mar aberto, talvez não seja possível a comunicação.
Acordei muito antes do despertador tocar e tratei de me arrumar para esperar o táxi que me levaria à estação, não dá para ir a pé puxando mala, up the hill, down the hill, deixei para tomar café lá mesmo para não precisar lavar louça e comprei algo mais para manducar durante a viagem, tenho água e biscoitos, vou tentar comprar umas frutas em Plymouth. Não tenho a menor idéia do que há para comer no barco que na realidade é um navio, será uma experiência e tanto! 
Uma vez no trem, resolvi aproveitar o tempo e isso, eu tenho de sobra! Abri o netbook e comecei a atualizar o meu blog. Oh, my God, acabei de olhar na janela e, chove, muito fininho, mas constante, novidade... Tivemos uns dois ou três dias de sol e acho que nisso se resumiu o nosso verão...A próxima estação é Salisbury, onde estive ano passado com minha e irmã e a Lena e depois novamente com minha irmã e minhas netas quando fomos a Stonehenge, tem uma catedral maravilhosa!
Hummm, tenho que prestar atenção na bagagem, o trem está mais cheio do que eu esperava e a mala teve que ficar longe de mim com isso, de vez em quando preciso levantar para verificar se está lá quietinha, nunca se sabe, né, aliás a recomendação em toda parte, mesmo no trem, é de nunca deixar a bagagem desacompanhada...
Aaah! Mais uma olhada na janela pois a paisagem é linda, e ví um veadinho saltando no campo, que gracinha, mais ou menos do tamanho de um bezerrinho, cor de camurça, liiindo!

Preparativos


Quinta-feira, logo de manhã, comecei a arrumar as malas. O que levar? Ando meio cansada de levar roupa para passear e voltar com ela dobradinha, do jeito que foi...entretanto, é complicado se dar conta que não trouxe o suficiente ou o adequado ao clima, e isso, por aqui, é impossível prever, o tempo muda de uma hora para outra, o que não ajuda muito. Pelo que a Isabelle me disse, essa época é de muito sol e calor na Espanha portanto, coloquei na mala roupas leves e frescas, maiô, protetor solar, enfim, passei a manhã toda nessa atividade e no começo da tarde, estava tudo pronto! Faltava então dar um jeito na fachada, meu cabelo está com cara de gato de rua, isto é, várias cores, raiz branca, passando por vários tons de castanho, então uma tintura se fazia necessária.
Ultimamente tenho recorrido sempre aos salões de beleza onde me entrego aos cuidados da esteticista para uma faxina completa, "cabelo, barba e bigode", literalmente, pois a natureza galhofeira nos provê desses acessórios desnecessários, com isso, faz tempo que eu mesma não tinjo os cabelos, resultado, no sábado, decidi enfrentar a tintura e, acabei fazendo "caquinha", sem óculos, confundi os tubos de tinta e condicionador! Enchi o fixador de creme rinse, esperei os convencionais 25', achando estranha a cor esbranquiçada que o espelho mostrava e mais ainda quando ao terminar de lavar os cabelos, estava pior que antes! Quase tive um pití, chovia e ventava prá dedéu, não havia condição de sair de casa e tentar uma vaguinha num salão baratinho, aqui é muuuuuuuuuuito caro, encontrei então uma tintura que a Lisa havia deixado e comecei tudo de novo! Com isso, tomei três banhos, sem a mãe mandar, e quando o cabelo secou eu estava vagamente lembrando uma beterraba, a tintura tinha tons avermelhados!!!, Ai, meus sais!!!!
Detalhe: a Isabelle ligou para dizer que muita chuva está nos aguardando em Santander e arredores, pior, a temperatura baixou, está entre 13 e 18º, é VERÂO, for God's sakes! Lá fui eu colocar tambem agasalhos na mala...não é justo, fugindo da chuva aqui na Inglaterra, acabei pagando, e não foi pouco, para ir ao encontro dela...durma-se com um barulho desses...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Algumas consideraçãoes

Relendo a postagem sobre as gaivotas, percebí que ficou parecendo que as mesmas são exclusividade de Brighton. Devo dizer que não sou expert em pássaros, apenas uma grande apreciadora da natureza. Sei que existem muitas espécies em toda parte e que geralmente habitam a orla marítima, grandes comedoras de pescado que são. Como é aquí que as vejo diariamente, para mim fazem parte de um cenário conhecido assim como são familiares os demais pássaros mencionados. Entretanto, esquecí de falar das cotovías, cujo comportamento além de muito interessante, é engraçado! 
Aparecem  em campo aberto no verão, a gente quase não as vê, em dias ensolarados e quentes, é...acontecem, de repente começam a cantar no chão, um trinado contínuo muito rápido, agudo e até meio confuso, alçam voo na vertical, e cantando sempre, desaparecem nas alturas, pois são pequeninas, e o trinado continua, podendo ser ouvido mesmo à distância! Quando não passam de mais do que um pontinho no céu, param de cantar, e, com as asas abertas como se fossem para-quedas, literalmente despencam lá de cima e voltam ao chão para começar tudo de novo!!! Simplesmente hilário!!! Adoro passear no campo nessa época porque o ar parece que fica cheio daquela cantoría, e o céu pontilhado delas, são muitas e parecem se divertir fazendo isso por horas a fio...O vento constante, às vezes muito forte, atrapalha a brincadeira, as coitadas mal conseguem sair do chão!  
Péraí, isso tudo, com certeza, faz parte da corte à fêmea, mas aí, cadê a poesía?  ; D

quarta-feira, 13 de julho de 2011

E lá vou eu, outra vez!

Seguindo a minha programação mais do que intensa, a agenda está lotada, no próximo domingo estarei embarcando rumo a Santander, na Espanha. Será uma viagem longa cuja duração só me dei conta quando já havia "bookado" tudo, coisas de marinheiro de primeira viagem, literalmente, porque uma das etapas, de Plymouth a Santander, levará 20 horas num ferry boat! Tenho uma cabine com uma cama, estou levando livros, palavras cruzadas, enfim coisas para ajudar a passar o tempo e também comprimidos contra enjoo marítimo, sei lá como anda o humor do Atlântico, melhor prevenir, né? Levo também protetor solar e chapéu, o verão no continente costuma ser brabo, a Isabelle, a amiga francesa com quem vou me encontrar em Santander, já me avisou sobre o forte calor e muito sol que encontraremos por lá. Dalí seguiremos pela Bretagne de carro, as despesas de aluguel, combustível e também hospedagem e alimentação, serão divididas. Não sei exatamente o roteiro, deixei por conta dela que conhece a região e adora dirigir, iremos às montanhas onde é mais fresco e segundo ela, muito bonito e desceremos até Madrid onde ficarei por uns dois dias, a Isabelle então retorna ao trabalho e eu pego o caminho de volta: Madrid-Santander-Plymouth-Brighton. outro estirão! Para quem queria coisas novas, taí um prato cheio!

terça-feira, 12 de julho de 2011

As gaivotas de Brighton

Adoro animais em geral e pássaros em particular e a fauna aquí na Inglaterra é completamente diferente do Brasil, é claro. Nada me me encanta mais que ouvir o blackbird na primavera, o trinado doce do robin, aquele passarinho fofo dos cartões de Natal, e também um outro, não sei se o trush ou o starling que imita vários sons e às vezes canta igual ao toque do telefone, hilário! Em algumas áreas pode-se ouvir o canto mavioso do nightingale que equivale ao nosso rouxinol, lindo!
E há as gaivotas! Não me canso de observá-las. Elas são enormes por aquí, muito maiores que as que vemos no Rio de Janeiro, são quase do tamanho de um pato e muito engraçadas! Barulhentas, "conversam" como comadres o dia inteiro e o papo começa às 4 da matina pois clareia muito cedo no verão. A essa hora, uma que eu chamo de "town cryer", corta os céus gritando como que para despertar as demais e aí começa a barulhada, às vezes emitem um som que parece uma risada ou então "choram" como se estivessem muito infelizes...Apetite voraz, comem de tudo, rasgam sacos de lixo, e se bobear, roubam até a comida da mão, como aconteceu num parque quando uma delas desceu, de surpresa, sobre um menino e roubou a salsicha do cahorro-quente, deixando-o estarrecido e depois em prantos por ter perdido o sanduíche! Entretanto, o que mais me chama a atenção é a beleza do seu voo! Muito graciosas, sabem aproveitar as correntes termais, abandonam o corpo ao vento, coisa que não falta por aqui, e mal movimentam as asas, planam livremente de um lado para o outro, parecendo uma folha de papel! É lindo! Às vezes perco "horas" olhando, e vejo como parecem estar curtindo o momento! Fica muito interessante quando visto do topo do double decker ou da janela do apartamento da Lisa. Ao entardecer, quando finalmente sossegam, a silhueta delas pousadas no topo das chaminés se destaca no céu dourado do por-do-sol! Adoro!!!

Carmina Burana

A Lisa tinha me dado de presente um ingresso para assistir Carmina Burana no Royal Albert Hall. Já tinha estado lá mas não me canso de admirar a magnitude e beleza da construção! O ingresso era para a galería, além de mais barato ou menos caro, para ouvir música é até melhor estar mais longe e mais alto pois o som sobe. Qual não foi a minha surpresa quando me foi oferecido um upgrade e não mais que de repente me ví quase no meio da orquestra! O RAH é em formato de arena, elíptico, e os assentos estão dispostos ao redor e eu acabei num lugar na segunda elípse, tres linhas acima dos contrabaixos! Caraca, por essa eu não esperava!
Como eu cheguei cedo, o teatro estava quase vazío e eu não me liguei muito nas pessoas que estavam entrando, ví que havia grupos vestindo roupas da mesma cor, algumas pessoas usavam vermelho outras, azul, então presumí que fossem de alguma excursão e não dei maior atenção. O teatro foi se enchendo e eu ví que atrás da orquestra estava um grupo enorme vestido de branco e eu pensei comigo mesma, "estes devem ser do coral", conheço muito bem a peça e sabia da existência do mesmo. Começou o espetáculo e dois números foram apresentados antes do Carmina.

Intervalo, muita movimentação em volta, e eu lendo o programa. Nisso o maestro retornou, tomou posição no pódio, levantou os braços e o meu queixo literalmente caiu!!! A metade do teatro se levantou num movimento único, aquela gente toda formava "O Coral"!!! Pensei que o meu coração ía parar! Os olhos se encheram de lágrimas e só não abrí o bocão porque havía muita luz na platéia e eu fiquei sem jeito! Foi de arrepiar!!! A introdução do concerto é bombástica, participação maciça de coro e orquestra e as estrofes se sucederam por mais ou menos 40' de puro enlevo! Mais tarde, no ônibus de volta para a estação, alguns participantes lá se encontravam então perguntei a uma senhora quantos componentes tinha o coral e ela, na maior calma: "1467 pessoas"! Quase caí dura!!!
Ainda tenho nos ouvidos aquela música maravilhosa e pareço estar caminhando nas núvens! Que presente, muito obrigada, minha irmã!!!

A boa-mesa italiana

No meu último domingo na casa da Ivonete, fomos almoçar na Itália, num restaurante encravado no alto da montanha, La Locanda, onde se chega por um caminho tortuoso, muito apropriadamente chamado"Estrada das Oliveiras" já que milhares dessas árvores se espalhavam pelas encostas.
Uma casa antiga, rústica, mas muito acolhedora, abriga o restaurante cujos donos praticam o chamado "turismo ecológico": tudo que se consome é produto da região, do pão ao vinho, passando pelas verduras e legumes, carnes e "pasta" caseira e a sobremesa é sorvete de creme com coulis de frutas variadas. Menu único, sem frescura, come-se o que é oferecido e come-se muito bem!
Antipasto, foccacia e bruschetta com aquele molho de tomates docinho que só o italiano sabe fazer e tirinhas bem fininhas e bem temperadas de courgette que parecia ser o legume da saison pois veio em seguida baignet feito com a flor da abobrinha, delícia, e abobrinha recheada dela mesma, depois presunto fatiado grosso, gostosíssimo, ravioli de espinafre, linguini ao pesto e por fim, cassarola de coelho com batatinhas novas, coradas. Maravilha! E tudo isso custou apenas 23 euros por pessoa! Na véspera tínhamos ido a um point novo em Mônaco encontrar uns amigos, eram cinco pessoas, jantaram naquela forma "partilhada", quase um menu-degustação, nem todos comeram sobremesa e a conta foi de 300 euros!!! Graças a Deus não chegamos a tempo de jantar!!!

Línguas viperinas

Acho que é possível imaginar os comentários que foram ouvidos por toda parte nos dias que se seguiram à festa, destaque para o prognóstico sombrio de pouca duração para um casamento de conveniência, um herdeiro era preciso, embora os dois se conhecessem há quase dez anos...ela não foi enganada, converteu-se ao catolicismo com essa finalidade. Caso não haja herdeiros diretos, o principado voltaría a ser domínio da França. Mônaco é um país católico por excelência, um divórcio sería inaceitável! A aparência desgastada da Princesa Stéphanie, a antipatia de Charlotte, filha mais velha da Princesa Caroline, e a própria, cujo rosto ninguém conseguiu ver por causa do chapéu enorme que o escondeu, foram também foco das más-línguas. Infelizmente nenhum dos filhos herdou a beleza e a serenidade da inesquecível Princesa Grace. A vida desregrada de uns e mesmo trágica de outros, os levou a um envelhecimento precoce!

Um conto "quase" de fadas...

Pois é, tinha tudo para ser maravilhoso mas, o comportamento pouco conveniente do Príncipe, fez com que quase se transformasse no vexame do século, explico, de um solteirão de pouco mais de 50 anos, não se podía esperar que fosse um santo mas, corría à boca-pequena que "the bride to be" tinha largado tudo e fugido por causa do último escândalo, mais um filho fora do casamento apareceu dois dias antes da cerimônia, digo mais um porque já havia o que ele teve há alguns anos com uma aeromoça e que foi devidamente reconhecido mas não terá nenhuma possibilidade na linha de sucessão. Seguindo em frente, as más-línguas diziam que a futura princesa desistira e que o príncipe a estava procurando de vela acesa! Enquanto isso, os preparativos para os festejos continuavam, bandeiras do Principado e da África do Sul tremulavam por toda parte, autoridades e convidados importantes chegavam à cidade a todo instante, o movimento de turistas cresceu assustadoramente. Como um presente especial à população, condução e estacionamento foram gratuitos por tês dias e mais, os monegascos, cerca de 6.000 almas, tiveram um almoço nas dependências externas do palácio seguido de um show e os residentes, que possuem até carteirinha, um cocktail, se não me engano, no Cafe de París, à noite um show de Jean Michel Jarre!
Finalmente o casamento se realizou mas o boxixo continuou: a noiva, lindíssima num modelo Armani, parecía distante, quase triste durante a cerimônia devidamente transmitida pela tv, por fim, ao depositar o buquê aos pés da Saint Devote, padroeira de Mônaco, lágrimas rolaram de seus lindos olhos muito azuis para desconforto do Príncipe que, segundo os fofoqueiros, foi um tanto rude ao dizer que ela parasse de chorar, aparentemente, mostrar emoção é vedado à nobreza...
Um jantar de gala seguido de baile para os VIPs e uma queima de fogos, oferta dos recem-casados à população, fecharam com chave de ouro os acontecimentos. Um coro de buzinas dos barcos ancorados nas redondezas pôs o ponto final!

Oito dias esplêndidos!

Sem casaco, roupas bem frescas, calor, céu azul, assim foram os dia passados na Côte d'Azur! Não escapamos de uma tempestade que teve até granizo mas foi rápida como costumam ser as ditas-cujas no verão, logo o sol apareceu outra vez e a temperatura baixou um pouco, tava um bocado quente. Aproveitando a proximidade com a Itália,  fomos lá por duas vezes. Em pouco mais de 15' de carro estávamos em Ventimiglia cidade próxima da fronteira onde às sextas-feiras há uma feira fantástica que vende de tudo e é muito mais barato que na França! Fizemos umas comprinhas, claro, só não pude me assanhar muito porque há limite no tamanho da bagagem que pode ser levada na cabine, um porre, não há limite de peso mas a mala deve ter determinadas dimensões que, se ultrapassadas, implicam numa multa e a infeliz vai para o porão e aí, não pode ter mais de 20 quilos! Fica difícil, né?
Ivonete, sempre que tem oportunidade, procura reunir brasileiros espalhados por lá, alguns eu já conheço, e dessa vez não foi diferente. Foi assim que conhecí uma senhora, amiga antiga dela e da Lisa e, conversa vai, conversa vem, fiquei de encontrá-la em Paris na segunda quinzena de agosto para irmos juntas a Brugges!
Minha estada lá coincidiu com o casamento do Príncipe Albert de Mônaco mas isso é história para outra postagem!

França

No dia 28 de junho, finalmente partí para o meu primeiro voo-solo por assim dizer, a viagem foi inteiramente programada por mim! Puxando minha maleta, peguei o ônibus para a estação, depois o trem para Gatwick e por fim, o voo que me levaria à Nice, França. Graças a Deus fui bem cedo pois uma fila quilométrica me aguardava no guichê do check-in, as férias européias estão começando e depois de mais de 40' de caminhada a passo de cágado, cheguei a uma plaquinha que dizia "10' from here" , era o que ainda precisava esperar para chegar ao bendito guichê...O voo saiu com 30' de atraso devido uma tempestade com direito a raios e trovões, seguida de outra um pouco menos intensa. A chuva,por fim, parou mas o mau tempo permaneceu. Decolamos. O avião parecia burro chucro de tanto que sacolejava enquanto cortava aquela massa compacta de núvens cinzentas. Uma pequena perda de altitude deixou todo mundo de olho arregalado, felizmente passou e logo voávamos num céu muito azul, sobre um colchão de núvens bem mais claras. Cochilei um pouco e quando acordei estávamos sobrevoando o Mediterrâneo que agora podia ser visto lá de cima e a costa da França já aparecia sob um sol lindo, que diferença...No aeroporto, Ivonete, grande amiga em cuja casa ficaria hospedada, me esperava, fomos então para Roquebrune - Cap Martin por uma rodovía que contorna os Alpes Marítimos e propicía uma visão absolutamente deslumbrante daquele "marzão" muito  azul, pontilhado de embarcações de todos os tamanhos, lanchas e "cruzeiros" que por alí abundam durante o verão!.

Algo diferente

Antes de embarcar para a França, fui a dois espetáculos aqui em Brighton. O primeiro, no dia seguinte da partida da Lisa, foi um show de tango protagonizado por um casal de dançarinos de um famoso programa de tv, "Strictly come dancing", em que artistas, apresentadores e esportistas que jamais dançaram, aprendem a fazê-lo com renomados professores e a cada final de semana se apresentam para um júri composto por outros dançarinos e coreógrafos e vão sendo eliminados até que apenas um casal vença. Acho que existe um programa semelhante no Brasil. Pois é, um desses casais formou uma dupla maravilhosa especializada em tango que se apresentou junto com 4 casais e alguns músicos, como se estivesse contando uma história passada numa casa de tango. Liiindooo!
No final da mesma semana fui ao teatro, ainda em Brighton, assistir "Joseph" um musical de Andrew Lloyd Webber com músicas muito bonitas, que conta de uma maneira bem lúdica, a história bíblica de José do Egito cujo protagonista foi o terceiro colocado na escolha do elenco realizada num programa de tv quando da encenação do musical no West End em Londres há dois anos, e eu ví, muito legal! Taí, no meio dessas viagens ainda arranjei tempo para fazer algo diferente!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Primeiros passos

Interessante, quando se está sozinha é que se vê que somos capazes de resolver coisas que antes eram deixadas nas mãos dos outros por comodismo ou mesmo por receio de algo dar errado, e daí, acontece com todo mundo! 
Pensando dessa forma, fiz  então as reservas dos trens e vôos para os lugares programados, a internet e o cartão de crédito facilitaram tudo, e logo eu tinha passagens para a França e reserva no trem para Plymouth onde vou pegar um ferry boat para Santander, também já "bookado" como nós dizemos em substituição ao termo "booking". É uma viagem bastante longa, mais de um dia, 5 horas de trem e 20 de barco!!! Eu não quería aventura?

A grande aventura

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Finalmente chegou o dia da partida da Lisa para o Brasil! Bagagem nas mãos, antecipação no olhar, ela pegou o táxi que a levaría ao aeroporto. 
Um último abraço apertado, coração disparado, e eu me ví, pela primeira vez, completamente só! 
Uma sensação estranha tomou conta de mim, além de tudo, estava com a maior gripe, o que não ajudou muito. Acabei ligando para a Prisca que com seu jeitinho mágico colocou as coisas em perspectiva: tudo iría dar certo, em breve eu me acostumaría à situação e sempre havería a possibilidade de largar tudo e voltar para o Brasil caso não me habituasse. Resolví encarar mais este desafio e tratar de aproveitar a oportunidade...

Só acontece em Brighton...

Dizem que Brighton ferve e é verdade!
Num domingo chuvoso e frio prá variar, estava com uma amiga numa loja no centro da cidade, quando uma gritaría na rua chamou nossa atenção: uma manifestação em protesto contra o aumento do tempo para a aposentadoría ocupava a avenida principal, cerca de cem pessoas, de bicicleta, participavam do movimento, detalhe, TODO MUNDO NÚ, EM PÊLO!!! Homens e mulheres, brancos como leite, alguns com os corpos totalmente tatuados e não exatamente uma pretty sight, desciam a rua repleta de espectadores às gargalhadas, filmando tudo e a polícia atrás, cuidando da segurança dos manifestantes! O melhor foi que um deles resolveu usar um skate e levou um baita tombo para delírio da multidão pois, ao tentar levantar-se, exibiu para o mundo uma "lua cheia" muito branca, e os devidos "documentos" à mostra!!! Não me lembro de ter rido tanto!

Enquanto esperamos

Curtindo os primeiros dias da aposentadoria, Lisa está estranhando não precisar sair correndo para pegar o trem para trabalhar ou ter de marcar as atividades de acordo com os dias no escritório, coisa que ela lembra com um sorrisinho maroto...
O tempo, entretanto, não está ajudando muito, tem chovido o que não choveu na primavera, para desepero dos agricultores, imaginem, os morangos, tradição em Wimbledon, amadureceram antes do tempo e agora há poucos para o consumo durante as partidas de tênis! Resultado, é quase verão e, tome chuva, dias escuros e FRIIIO prá dedéu! Outro dia tivemos que ligar o aquecimento, póóóde?!
Enquanto isso, as coisas vão acontecendo. Fomos a Londres assistir um espetáculo maravilhoso no Royal Albert Hall que por si só já é uma maravilha! "Strictly Gershwin",  um show com orquestra, cantores e dançarinos, levou-nos numa viagem no tempo, à nossa adolescência das tardes dançantes e músicas românticas que embalaram os primeiros sonhos... Antes do espetáculo,  jantamos no Cafe Rouge para comemorar a aposentadoria da Lisa e depois, passeamos pelo Kensington Park, tava uma tarde linda de morrer!  Voltamos para casa ainda trazendo nos ouvidos a música divina do grande compositor!